Conecte-se com a gratidão (#053)

Por Fabiana Vitorino

Hoje me deparei com um sentimento novo. Fiquei pensando: sobre o que eu vou falar no podcast? Geralmente o tema me vem ao longo da semana, intuitivamente eu capto um sinal, uma sensação, uma ideia, um pensamento, ou talvez eu vivencio algo ou então me chega uma história através de algum atendimento, de algum cliente, e aquilo vai se formando na minha mente como uma possibilidade de conversa aqui com vocês.

Pela primeira vez hoje eu comecei o dia aberta, entregue, sem saber exatamente do que eu iria tratar na nossa Conversa com Fabi de hoje, e assim eu permaneci, permitindo que o tema chegasse a mim até o final do dia, que era quando eu realmente precisaria enviar aqui o conteúdo para vocês que me seguem.

Muito bem, eu gosto de ter uma prática diária que é de ler um livrinho de mensagens – na verdade é um livro que eu ganhei de um grande amigo, um grande terapeuta, uma pessoa muito importante para mim que é o Alisson, meu amigo, psicólogo também. Há muitos anos atrás que ele me deu um livro que se chama Meditando com os anjos, e eu sempre gosto de abrir todos os dias esse livro, e eu leio a mensagem que sai no dia que tem a ver com o “anjo de algum assunto”: o anjo da gratidão, o anjo da cooperação, o anjo da alegria, o anjo do propósito, o anjo do amor, e por aí vai…

É uma mensagem pequena, singela e que traz uma informação importante pro meu coração e para o meu dia, e hoje saiu a gratidão. E aquilo brilhou no meu olho, porque ultimamente eu tenho percebido um movimento dentro de mim e também de pessoas ao redor – as histórias que vão me atravessando –, por tudo que nós estamos vivendo, às vezes um certo desânimo, ou então começa a ter reclamações da vida… Conectando com aquilo que está pesado, está difícil, cansativo etc. Muito bem, é sobre isso que eu quero falar hoje, sobre como a gente pode transformar as nossas reclamações, as nossas dificuldades, inquietações em algo que seja realmente benéfico para a nossa vida. Já que estamos aqui, e se estamos aqui, precisamos aproveitar a nossa existência.

Eu sou a Fabiana Vitorino, sou psicóloga, consultora de carreira, sou mãe, sou uma pessoa que está a cada dia se entregando para aquilo que faz sentido na alma, para aquilo que é essencial, e para as mensagens que chegam através da minha intuição e que eu acredito que, de alguma maneira, eu posso colaborar com as pessoas. Então venha comigo, participe dessa Conversa com Fabi, fique à vontade para compartilhar esse conteúdo se ele fizer sentido na sua alma e se você lembrar de alguém que é importante e que pode também se beneficiar, beleza?

Muito bem, então eis que a mensagem do anjo da gratidão saiu pra mim hoje, e ela dizia o seguinte: “É muito importante sentir gratidão por tudo aquilo que já conseguimos realizar, olhar para aquilo que ainda não somos, em detrimento do que somos aqui e agora, é esquecer da maravilhosa fonte de energias espirituais que flui eternamente em nossas vidas. O sentimento de gratidão preenche o nosso coração e eleva as vibrações de tudo à nossa volta.” E, no final, sempre vem uma mensagem em forma de frase pequena, para que eu possa me conectar ainda mais: “Agradeço e aprecio cada momento consciente da minha vida.”

Essa mensagem ficou forte para mim hoje, quando eu a li, e fiquei percebendo em que momento do meu dia eu me desconecto, eu entro numa energia de cansaço, desânimo e reclamação, e aí o dia fica mais difícil de passar, a vida parece ficar pesada e a coisa não “anda para frente”.

Eu me lembrei das várias vezes, ao longo da minha vida, em que eu parei para sentir gratidão, e que eu realmente pude olhar para o que eu tinha, para o que eu já era, para o que era possível e para as coisas maravilhosas que estavam acontecendo comigo exatamente no instante em que eu parava para prestar atenção. E o bonito da gratidão é isso. Fiquei um pouco na dúvida sobre trazer ou não esse tema, porque eu tenho percebido de forma geral que é um assunto que as pessoas têm ficado assim, ou incomodadas, do tipo “aí eu fico na gratidão, então eu não posso olhar para o problema do que está acontecendo”. É como se a gente ficasse tentando colocar pano quente no que está acontecendo, que está incomodando, que está doendo, e aí tenho que necessariamente ficar grato para ficar bem, para eu ficar feliz, quase que forçando o processo. Ou também vejo pessoas falando assim: “nossa, estou cansada dessa história de gratidão, está virando uma palavra batida, um assunto que todo mundo fala”. E aí parece que isso já nem faz sentido. Tem gente que até brinca: "tenho ranço dessa palavra".

Mas como eu gosto de conectar no meu coração e ver se aquilo ressoa, eu acredito que mesmo que ainda tenham pessoas que pensam desse jeito que eu acabei de comentar, ainda é muito potente, tem muita força quando você se conecta a tudo aquilo que você já é e a tudo aquilo que você já tem na sua vida, e você agradece, seja na hora que você acorda, como ritual pra começar o dia, seja na hora que você vai dormir e você faz uma análise de como você viveu aquele dia e então pode agradecer, ser grato. E ainda tem uma coisa muito bonita na gratidão que eu aprendi ao longo do tempo, nos meus processos de autoconhecimento, que você também pode aprender a agradecer pelas coisas que você ainda não tem, mas que você deseja, e vai colocar sempre no momento presente como se elas já estivessem na sua vida, para que aquilo já se torne parte da sua realidade, mesmo ainda não sendo.

É um exercício de visualização forte para que a sua alma, a sua mente comece a trabalhar em prol daquilo que você quer que aconteça. Você já está abrindo espaço para a energia fluir, seja para um novo projeto, para um relacionamento, para um jeito que você quer viver a vida, para um sentimento que você quer passar a conectar mais o dia a dia. Digamos que você está muito impaciente e você quer ser uma pessoa mais pacifica, mais tranquila… Então você pode dizer: “eu agradeço por toda a paz de espírito que eu senti hoje, pelo tanto que eu sou pacifica, pela maneira como eu consigo ser tranquila ao longo do dia”. Mesmo que eu esteja aos nervos, mas aquilo é o estado emocional que eu gostaria de alcançar. Entende?

A gratidão é esse lugar bonito, onde eu olho com alegria para o que eu tenho, e esse exercício do olhar para o que tem é tão simples, mas ao mesmo tempo tão profundo. Quando você acorda, você tem milhões de motivos para agradecer, às vezes eles passam batido, mas eles são importantes de serem lembrados: acordar, abrir os olhos, movimentar o corpo, andar sozinho, ter autonomia, ter alimento na mesa, poder tomar um banho, ter água encanada em casa, poder ter uma casa para se abrigar, poder ter uma cama pra dormir à noite, são n motivos de coisas físicas, materiais, que estão ali te oferecendo uma possibilidade de você estar melhor, assim como as pessoas que você tem para se relacionar, o seu trabalho, o seu salário, as condições de você cuidar da sua vida ou até mesmo a sua saúde. Então são muitas coisas que você pega, que você toca, coisas que você não toca, mas que são internas, são sutis e são importantes.

Uma vez eu ouvi num grupo que eu participo de autoconhecimento sobre uma tradição indígena – eu não vou saber exatamente de qual grupo indígena que eles fazem isso, se é uma prática recorrente de vários grupos –, mas eles falavam o seguinte: que os índios tinham o hábito de uma vez, ao longo do dia, se encontrarem em grupo, isso é muito comum nas comunidades indígenas, o estar em grupo, seja para discutir uma questão que precisa ser resolvida, seja pra fazer um ritual de cura, de conexão, para ser orientado sobre algo, enfim…  E eles tinham esse hábito de ficarem juntos em grupo e falavam de contar as bênçãos: a gente vai contar coisas boas que estão acontecendo conosco, coisas boas que a vida está trazendo para nós, as bênçãos que eu tenho, que eu carrego, e ao invés de sentar para reclamar, que às vezes é o que muitos de nós fazemos, e que infelizmente é uma prática muito comum nos nossos grupos – seja de whatsapp ou quando senta para comer e etc. –, eles contavam as bênçãos, falavam de coisas boas, de coisas que estão funcionando nas nossas vidas.

Então a pergunta que eu lanço é: para onde o seu olhar está indo? Será que você está conectada com a abundância do que a vida te traz hoje, do que é possível viver agora? Do quanto você é merecedor de um bom momento, e você está realmente tendo um monte de coisas acontecendo, boa, mas que às vezes você não está olhando? Ou porque você fica culpado de ter um monte de gente em condições ruins, muito diferentes do que você tem, então você nem consegue olhar muito bem com amor para o que você tem, como se fosse errado ter, ou porque você está achando que aquilo é pouco, que na verdade você queria mais, você queria ter liberdade... E tudo bem, eu entendo, eu aceito, porque eu também gostaria que as coisas fossem diferentes, mas também estou aprendendo a entender que está acontecendo, é um fato, eu posso aprender a conviver com isso, entender que tem um motivo maior, uma causa maior e a gente pode crescer com essa experiência.

Fazendo uma conexão com a semana passada, não é que você não possa sentir as emoções desagradáveis, está tudo certo e faz parte do nosso desenvolvimento como pessoa passar por esses vales difíceis da nossa alma, mas que você também possa se conectar ao longo do dia com as bênçãos, com as alegrias, com aquilo que te torna uma boa pessoa, ou que tem uma boa vida. E isso não tem a ver com dinheiro, com posse ou com título social, tem a ver com validar as pequenas coisas que estão ao seu redor e que estão facilitando a sua vida, e que estão permitindo que você esteja vivo e bem.

Então eu vou deixar como possibilidade de exercício, de reflexão e até de ação, para que você não fique só na reflexão interna, mas que você também possa agir. Existem vários caminhos, eu já passei por alguns deles e acredito que não existe regra geral para nada, você precisa sentir no seu coração o que conecta você à proposta do que estou trazendo, e são maneiras de você trazer mais força para a energia da gratidão, e essa energia fica reverberando em você, porque é impressionante, quando você se conecta com a gratidão, você geralmente… Isso é até título de pesquisa, já tem comprovações inclusive, muitas pessoas compartilham dessa experiência: de que quando elas pensam na gratidão, quando elas olham para aquilo que elas estão cheias, de forma positiva, elas se sentem melhor, elas já ficam mais felizes, a energia do dia muda, o pensamento, a intenção, a conexão com o dia e com a vida fica melhor, então a gente já fica mais predisposto a uma boa conversa com o outro, a gente já vai sentar para trabalhar de uma forma mais animada, e você já vê mais sentido no que você está fazendo no dia. Isso é muito forte: a conexão do pensar, do sentir e do agir.

Como possibilidades, você pode… Tem pessoas que gostam de fazer a oração da gratidão, que é isso, eu vou conversar com Deus, com esse ser que eu acredito e eu vou agradecer a ele, diretamente a ele as coisas que estão acontecendo comigo. Ou então posso pegar um caderninho e fazer todos os dias a minha lista da gratidão e aí pode ser 5 coisas, 10 coisas, 30 coisas, não importa a quantidade, o que é importa é o quanto eu coloco intenção naquilo que eu faço. Tem o pote da gratidão, que uma vez a gente até fez no encontro que eu participo, e que você pode colocar, você pode definir na sua casa um potinho, uma caixinha e você põe vários papeizinhos sem escrever nada dentro, e todos os dias você vai lá, ou então uma vez na semana ou de tempos em tempos, você escreve em vários papeizinhos o que você é grato, e você guarda naquele potinho, naquele lugar.

Quando você estiver em um dia mais chué, mais desconectado, achando que a vida não está legal, você abre e você lê, e aí você se lembra. Isso pode ser uma coisa pontual do dia a dia ou uma coisa muito grande, tipo: eu sou grata por ser mãe, eu sou grata por ter um marido maravilhoso, eu sou grata por ter uma casa para morar, eu sou grata por ter um trabalho que faz sentido, eu sou grata por estar viva, porque às vezes a gente precisa lembrar disso. Então o pote da gratidão é muito legal. 

Eu posso escrever uma carta da gratidão, que pode ser para mim mesma, que pode ser para um eu do passado, meu, que de repente vou ler lá na frente, ou um eu do futuro, que lá na frente eu vou abrir e ler sobre a vida que eu tinha agora e que era boa, ou eu posso escrever para uma outra pessoa algo que eu quero agradecer em relação a ela.

Olha só a infinidade de exercícios que vocês têm como possibilidade de conexão, com essa história da gratidão. E tem alguns outros jeitos que eu acho que são muito bacanas também: a dança da gratidão, colocar uma música que te conecta e dançar, e aquela dança vai servir como um ritual de agradecimento. Tem pessoas que amam dançar, eu por exemplo sou uma delas, e quando eu escuto uma música que eu gosto e danço, aquilo tem um poder de transformação para mim, de reconexão e, sabe, literalmente aquela coisa de “quem dança os males espanta”, ou “quem canta os males espanta”, para mim é dançar, cantar e fechar o olho e se conectar. Tudo isso tem um poder muito bonito, então você pode cantar, você pode dançar uma música legal, e aquilo ser um ritual para você ficar na gratidão ao longo do seu dia.

Tem mais umas duas formas que eu acho legal também, eu fiz uma delas há uns anos, quando eu passei por um processo de coaching, que é você fazer o seu álbum de memória afetiva – desculpa, álbum não, sua caixa de memória afetiva –, que é você fazer uma caixa e guardar várias coisas que têm muito sentido para você, um sentido simbólico, de alegria, de gratidão, e que toda vez que você olhar, aquilo vai te trazer uma alegria muito grande. Então, por exemplo, na época eu lembro de guardar um recorte do jornal de quando eu passei no vestibular, que foi um grande momento para mim, e aquilo tinha um valor, então eu guardei aquela informação. Eu guardei uma foto específica que tinha uma energia muito boa quando eu olhava para foto; o texto que eu tinha inscrito e tinha publicado em um jornal, e para mim foi muito bonito e eu fiquei muito emocionada quando aquilo aconteceu; um presente que eu ganhei de uma pessoa, que é uma coisa que eu já não uso, mas aquilo faz sentido, eu gosto de lembrar.

Percebe? Você vai guardando esses elementos, você não precisa olhar para eles todos os dias, mas eles estão ali guardando uma energia boa, uma memória afetiva, e de tempos em tempos você abre e aquilo te traz uma re-energização, e geralmente nos dias que você está com a vibe um pouco baixa, isso tem um poder de te trazer de volta, de fazer valer a pena acreditar – que a vida vale a pena –, acreditar que os dias do desânimo acontece, da preguiça, do cansaço, da irritação, mas que você pode dar a volta por cima.

E eu já ouvi isso diversas vezes, de pessoas falando, palestras e tal, e confesso que eu nunca cheguei a fazer efetivamente, mas é um exercício que eu tenho muito interno em mim. Percebo que, quando começo entrar nessa faixa de vibração, eu já fico atenta, mas tem pessoas que já me contaram que fazem esse exercício na prática, e que tem um poder muito grande também, como se você estivesse fazendo um detox de pensamentos e de emoções, ao invés do detox da comida, que é extremamente importante, mas é um detox mais do ponto de vista emocional, que é: experimenta ficar um dia sem reclamar de nada, porque a reclamação te leva para um estado de irritabilidade e você começa a achar que está tudo muito difícil, e aquilo vai criando um estado maior, de complexidade. Experimenta. Às vezes você fala "mas um dia é muito pra mim", tudo bem. Faça uma hora, metade do dia, vai testando, aí você pode aumentar, um dia, uma semana, um mês, de repente aquilo já vira hábito, e você não tem aquilo mais como força. Se você entra naquele padrão, você já "peraí, estou reclamando, deixa eu ver se faz sentido a minha reclamação”. É um problema real? É uma coisa que eu posso resolver? Ou eu estou naquela ‘muquerela’ – que eu já contei aqui no podcast, que é ficar murmurando, se queixando, reclamando, lamentando e não sair do lugar, não resolver. 

Vamos olhar para a solução. Se eu estou triste, chateado, incomodado, se eu estou reclamando, se eu estou irritadiço, e é um pouco do que a gente conversou na semana passada, eu permito que essa emoção venha, aconteça e vá embora, ou eu estou naquela coisa impregnada o tempo todo e estou deixando que os meus dias fiquem ali pesados. Peraí, vamos dar um pause, vamos recomeçar, vamos olhar para o que nós temos de cheio, o que está bom na minha vida hoje, o que eu posso agradecer. Que seja uma ou duas coisas, mas isso já tem uma força gigantesca.

Espero que você tenha gostado desse conteúdo que ele possa te ajudar nesse processo de caminhada interna e externa – por que eu gosto de contar essa história, de que o autoconhecimento é um caminho para dentro, e que nos ajuda depois a caminhar para fora, de um jeito muito mais alegre, muito mais leve, muito mais pleno, e aí eu posso encontrar as outras pessoas com muito mais o que oferecer.

É sempre um prazer estar aqui, eu agradeço muito a sua audiência, e que você possa fazer bom uso dessa conversa. Eu estou aqui, se você quiser me contar o quanto ela te mobilizou. 

Um grande abraço, uma ótima semana e até a semana que vem. Tchau, tchau!


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