Reinvenção, ressignificação e resiliência (#047)

Por Fabiana Vitorino

Olá, tudo bem? Espero que você esteja bem! Apesar de todos os pesares, não é mesmo?

Eu sou a Fabiana, e hoje eu acredito que eu sou uma construtora de pontes. Eu gosto da ideia de conectar pessoas a outras pessoas, pessoas a ideias, pessoas a seus sonhos, pessoas às suas próprias histórias e, sempre que eu consigo fazer isso, me dá uma grande satisfação, uma alegria na alma mesmo, de verdade. E a psicologia é uma das possibilidades que eu encontrei ao longo da minha trajetória, de poder fazer isso, de ajudar as pessoas a se conhecerem, a se transformarem e a encontrarem novas possibilidades, novas formas de contar a sua própria história.

E esse episódio, que foi pedido por muitos de vocês, que sempre acompanham, que me dão retorno, feedbacks tão amorosos, que puderam me contar o quanto foi bacana receber esse conteúdo semanal, o quanto ajudou, transformou, estimulou… Então estou muito feliz de estar aqui com vocês.

Eu quero deixar hoje uma mensagem para você, de um início de palavra que me veio agora há pouco e que tem tudo a ver com coisas que nós estamos passando nesse momento enquanto humanidade, e ao mesmo tempo que eu tenho me feito olhar e também tenho levado essa possibilidade aonde eu estou, seja ali nas redes sociais ou com as pessoas que estão aqui em volta de mim, no dia a dia.

E essa palavrinha é a “re”, mas a “re“ pode vir com mais três outros finais de palavras e que eu quero deixar aqui pra você: reinvenção, ressignificação e resiliência.

Com essas três palavras eu quero conversar um pouquinho sobre como você tem se reinventado na sua vida hoje. Será que você tem se permitido ou, mais do que isso, acho que a vida está convidando cada um de nós a se reinventar, seja consigo mesmo, na maneira como você vinha cuidando de você, como você vinha se priorizando ou não, seja nas suas relações, as de família que está ali às vezes mais próxima, com quem você convive todo dia, ou as relações de trabalho, que hoje já estão sendo transformadas. Muitos de nós estamos aí vivendo em home office, mas ainda sim se relacionando no trabalho. Ou as relações sociais, que hoje também foram transformadas com esse isolamento, mas que – como eu escutei de uma amiga, uma grande amiga inclusive, ela falou pra mim assim um dia, e colocou nas redes dela também, Fabiana Barcelos – o isolamento é físico, não é social, então na verdade a gente pode sim manter o contato, a conexão e a gente vai precisar ser criativo para isso, obviamente.

Então eu fiquei pensando nas grandes possibilidades que nós estamos tendo hoje, todos os dias ao acordar, de nos reinventar. Aí você poderia me perguntar: “Mas Fabiana, a gente sempre pode se reinventar, inclusive fora dessa situação toda, antes disso, depois disso.” Sim, mas às vezes a gente vai vivendo a vida de uma forma meio morosa, meio corriqueira, ou então – qual palavra que eu acho que faz mais sentido – aquela vida vai ficando na mesmice, sabe? Todo dia ela faz tudo sempre igual, me sacode às seis horas da manhã… E aí você não para pra olhar para de fato o que você tem feito da sua vida, do seu tempo, das suas relações.

Esse momento é um grande convite, então eu quero que você se pergunte: aonde eu tenho me reinventado ou como eu posso me reinventar nesse momento? Talvez em áreas que eu nem queria mexer, mas agora ficou muito escancarado e eu preciso olhar, eu preciso criar novas possibilidades. E ao mesmo tempo para momentos e coisas da vida que você tem a oportunidade.

Eu mesma tenho aprendido a me reinventar, na maternidade, nesses momentos que estão mais desafiantes, no meu trabalho, porque agora eu estou fazendo tudo de um jeito completamente novo, porque eu não sou mais aquela mesma pessoa de antes da Bianca, não tinha mais para onde voltar. Voltar pro meu trabalho, voltar na minha carreira? Não. Não existe mais aquela Fabiana, naquela carreira, naquela história, é tudo novo, diferente, transformado, então a reinvenção é diária, não é mesmo?

Então a primeira palavra que eu quero deixar pra você é a reinvenção.

A segunda palavra, ressignificação, que significa dar um novo significado, criar um novo sentido, transformar a imagem que você tem de algo, a sensação, a forma de olhar, de pensar, e muitos clientes me dão esse feedback, e eu fico muito feliz porque isso me ajuda muito também na minha vida, que é cada vez que eu consigo transformar a forma como eu olho algo, como eu encaro, quando eu ressignifico, ou seja, eu dou um sentido novo, aquilo que às vezes é um problema, uma dificuldade um peso, que parece que não vai se transformar, muda completamente de figura.

Aí eu consigo ficar mais tranquila, eu consigo ter mais criatividade para encontrar uma nova solução, e eu consigo simplesmente aceitar o que é. A vida é o que é, esse momento é o que é. Isso não quer dizer que eu vou ficar paralisada e "ah, então é o que é e pronto, não há o que fazer". Não, é o que é.

Então como eu posso viver em ressonância com esse momento, esta aí o outro “re” que a gente pode usar. Como eu posso deixar fluir já que é assim que vai funcionar o novo normal que nós estamos vivendo. Então ressignificar também é uma palavra de ordem, também é um convite, o quanto você tem conseguido ressignificar a sua história, e isso também combina com a reinvenção, porque eu me reinvento, talvez até na medida que eu permito novos sentidos e novos olhares, para aquilo que eu estou vivendo. Uma coisa vai puxando a outra.

E por último uma palavrinha capciosa, e que eu aprendi há muitos anos na faculdade. É muito importante um pouquinho dessa história, porque eu nunca tinha ouvido falar de resiliência e, um belo dia, lá no meu primeiro período, eu não sabia nada de psicologia, estava ali meio que querendo descobrir todas as possibilidades, e eu participava de tudo quanto era evento que eu descobria na faculdade, não só na psicologia.

E eu descobri que ia ter um evento lá faculdade que eu fiz, a UFU, sobre resiliência, de um cara que ia falar de terapia comunitária, enfim, um tal de Alberto Barreto, se eu não me engano – acho que é isso mesmo, Adalberto, acho que é Adalberto Barreto –. Enfim, esse cara foi lá e falou de um monte de coisa, falou da tal da resiliência, da importância da gente encarar a vida, da gente passar pelo sofrimento, descobrir recurso novo, e aprender a lidar com a nossa força diante das adversidades. 

Depois eu fui entendendo, em outros momentos também, a parte da física, da resiliência de materiais, onde o material é resiliente até onde consegue. A partir do momento em que o ambiente traz testes, como se diz, aumenta o calor ou então esfria muito, ou então tenta puxar, e aquele material é testado de “n” formas, ele consegue resistir e apesar de todos os ‘trâmites’ ali contra a natureza dele, ele é considerado um grande material resiliente.

E aí eu fui juntando essas coisas e, engraçado, a vida foi me levando para muitos momentos onde eu fui convidada para dar palestra sobre resiliência, trabalhar em grupo falando sobre resiliência, e aí de repente veio esse grande momento onde a resiliência está sendo um convite. O quanto eu primeiro estou conseguindo ser resiliente na minha vida, e o quanto você também está conseguindo ser.

A resiliência é interessante porque é uma habilidade que você adquire não naturalmente, ou que vem com você. Muitas coisas podem vir com a gente, eu acredito nisso, mas a resiliência é aquilo que você produz na medida em que vive. Pode até ser que você já tenha trazido um pouquinho com você, mas ela só cresce na medida em que você é testado, e a gente é testado não nos momentos tranquilos, gostosos, leves, esses momentos são fluidos, gostosinhos...

Agora, na hora que a vida traz coisas que você não estava esperando, de repente algo sai totalmente fora do planejado, do controle e você precisa se transformar naquela cena, e aquilo às vezes vai doer, às vezes vai gerar perda, vai gerar desesperança, às vezes medo, vai entrar em contato com emoções que a gente não está querendo olhar, ou que é mais desafiante, esse é o momento onde a resiliência pode surgir, mas para isso a gente precisa se cuidar e precisa confiar, porque aí sim você passa pelo momento sendo maior do que quando entrou naquele momento. Não quer dizer que vai ser simples ou fácil, mas quer dizer que vai ser possível. 

Para mim, um grande convite da vida foi a maternidade. Esse foi um grande chamado para a resiliência, e agora eu me sinto até mais testada para conseguir lidar com algumas coisas. Não quer dizer que é fácil ou simples, mas é possível. Então, se pergunte: você tem aproveitado esse momento da vida e até outros, para se tornar mais resiliente? Ou você tem ficado na queixa, na vitimização, na falta de recursos, esquecendo também de agradecer por tudo que está sendo possível, apesar dos pesares.

Espero que eu tenho encontrado você aberto, disponível. Fico aguardando o retorno, o feedback, se alguém quiser bater um papo sobre isso que gerou nessa conversa, e dizer que eu estou muito feliz e muito grata por mais uma vez poder retornar para esse projeto.

Fique à vontade para compartilhar com quem você deseja. Um beijo na alma.




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