De filho para mãe

Ser mãe não é tarefa fácil. A maternidade vem do coração e dedicar-se a ela no decorrer de uma vida toda é um grande desafio. Não importa que seja mãe que adota, ou quem represente a função maternal, mãe que deu à luz... Toda mãe é mesmo um forte!

Este relacionamento entre mães e filhos ajuda a definir o que seria a mais pura forma de amar.

Mas ser filho não deixa de exigir a sua contrapartida, como por exemplo o reconhecimento por toda dedicação, cuidado e desvelo recebidos. Muitas vezes, recebemos muito e não paramos para pensar em formas de retribuir.

Só mesmo com o passar dos anos, já no amadurecimento proporcionado por nossas experiências, vamos entendendo a intensidade do sentimento maternal.

Quando pequenos, somos rodeados de cuidados e estímulos. Vamos crescendo e as torcidas são para que nos tornemos independentes, que sejamos felizes. Quando adultos, o amor maternal espera que constituamos família e, assim, nos solidifiquemos como pessoas, passando também a experimentar o papel de pais. E quando, ao final, em nossa fase mais madura, aqueles de nós que ainda possuam a oportunidade do convívio materno, hão de perceber quanto primordial é essa relação que nos conecta com quem nos deu a luz da vida.

Nem sempre os relacionamentos entre mães e filhos são fáceis, fato que pode se mostrar como uma oportunidade de exercitarmos a tolerância, a perseverança, num exercício de entrega, no esforço de fazermos a nossa parte e o melhor todos os dias. E esta tarefa também cabe muito bem a nós, filhos.

As pessoas, incluindo os pais, não são obrigadas a pensar como nós, tampouco a agir como nós, o que nos faz lembrar que precisamos aprender a ouvir mais, a ter a escuta mais aberta para um bom entendimento. Ser filho é perceber que, ao envelhecerem, seremos nós a nos preocuparmos com eles.

Cuidar exige sensibilidade. É, de alguma forma, tornar mais leve a existência de nossas mães, amenizando notícias desnecessárias, enfatizando o lado bom dos acontecimentos, dos momentos felizes e significativos, grande parte deles lembrados pela convivência em família.

Por mais que os relacionamentos sejam intrincados, não dá para banalizar o fato de que por nossas mães viemos ao mundo. Seja a mãe que nos pariu, a mãe adotiva ou quem exerceu a função maternal, elas nos deram à luz, a luz da vida.

Por isso, ter a possibilidade de conviver com nossas mães, ou guardá-las em nossas memórias, é tornar nossa própria existência mais rica. É aprendermos o que é amor. É preciso deixar de lado a insignificância das pequenas diferenças e ter os corações abertos para expressar nosso amor filial.

Certamente, com a expressão deste amor, nossas mães sempre estarão de braços abertos para nos abraçar de volta, não importando se estejam aqui ou do outro lado. E que seja um abraço especial, um abraço de alma!

Por Veridiana Mantovani

Psicanalista


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