Como viver bem em família?

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A família compõe o mosaico de quem somos e de como estruturaremos aqueles que vierem depois de nós, sendo o pilar que nos sustentará ao longo de nossa jornada e definirá como lidaremos com as situações de nossas vidas.

Famílias bem estruturadas deixam de lado as pequenas diferenças e fazem com que o amor prevaleça. Muitas vezes, também, estar em família pode significar trabalho árduo, em função das dificuldades de convivência. Nesse caso, saber contornar os mal-entendidos propicia explorar o nosso papel dentro de nosso núcleo e nos ajudará a ficar mais em paz.

Seja a família grande ou pequena, há sempre papéis fundamentais protagonizados por cada um para trazer contribuições para o todo familiar. No convívio, aprendemos uns com os outros. Aprendemos a respeitar, partilhar, a ter compromisso, disciplina e a administrar conflitos. E é inegável que cada um carrega um histórico de experiências, aprendizados e lembranças que apresentarão reflexos por toda a vida.

Mas como conviver bem em família?

Saber respeitar as dificuldades de cada um é uma das formas de manter agregar no ambiente familiar, tendo-se sempre o cuidado procurando-se escolher as palavras para críticas construtivas, para não agredir aqueles que amamos e com os quais convivemos.

Muitas vezes, somos alegres e afáveis com os amigos, no ambiente de trabalho, mas dentro de casa esquecemos o lado da descontração, da alegria e divertimento junto aos que tanto amamos. Neste quesito, há estudos que evidenciam que familiares que se apoiam nas dificuldades, que se sentem unidos, têm desempenho melhor no trabalho e nas relações sociais, sendo, portanto, mais felizes.

Educar as emoções

As lembranças da infância são levadas sempre na recordação e no coração. O tempo passa e não esquecemos desses momentos que marcaram nossas vidas.

Momentos simples, como o de conversas ao redor da mesa, podem proporcionar vínculos de confiança entre pais e filhos e fortalecer os laços familiares. Ter um bichinho de estimação pode proporcionar senso de responsabilidade. Brincar com os primos propicia conscientização sobre a importância do respeito pelo próximo e também a descoberta de que, apesar de próximos, cada um vive de forma diferente com seu núcleo familiar mais restrito, gerando, esta percepção, mais respeito.

Memória afetiva

Sabe aquele cheiro de flor que lembra o colo da vovó? A canção que sua mãe cantava para você antes de dormir? A brincadeira que você tanto se divertia com seu pai? São essas lembranças que permitirão que a pessoa seja mais segura, alegre, agradecida. Trazer na memória momentos assim faz de nós seres mais ricos psiquicamente, o que nos lembra que o papel da família vai muito além de ensinar o que é certo e errado. É a base com potencial de formar indivíduos mais afetuosos, conscientes, tolerantes, pacientes, respeitosos, autoconfiantes... felizes.

Sim, podemos ser felizes em família! E o melhor caminho para formarmos filhos mais inteligentes emocionalmente é ensiná-los a educar suas emoções quando ainda pequenos, embora sempre seja tempo para o aprimoramento. Da mesma forma que nos preocupamos com o bem-estar físico de nossas crianças, é preciso pensar no bem-estar emocional, na forma como elas protegem suas emoções e como se relacionam com o mundo ao seu redor, sendo fundamental que as famílias invistam na saúde emocional de seus filhos, contribuindo para a prevenção de depressão, estresse, ansiedade, fobias e agressividade, entre outros transtornos psicológicos.

Nesta linha de raciocínio, é fundamental vivenciar a infância: inventar, correr riscos, ter tempo para brincar e se encantar com a vida. E por mais que queiramos proteger os nossos filhos, é preciso entender que as frustrações fazem parte da vida. São elas que nos preparam emocionalmente para os embates da vida, nos tornando flexíveis, mais adaptáveis e empáticos.

Por Veridiana*

*Veridiana Mantovani é psicanalista

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