Por que os filhos são diferentes uns dos outros?

Que pais com mais de um filho já não se perguntaram por que, embora educados da mesma forma, os filhos costumam ser tão diferentes uns dos outros? São traços de personalidade, de tendências, de temperamentos manifestados desde tenra idade que frequentemente os levam a se questionar sobre as razões de tamanhas discrepâncias de comportamentos.

Pela ciência, as respostas são atribuídas a questões de hereditariedade e às influências do meio. Mas, além do aspecto científico, há abordagens sobre o assunto, incluindo a visão espiritualista, que considera o princípio da reencarnação como uma boa justificativa a ser considerada.

Sobre esse ponto de vista, a educadora e escritora Lucia Moysés traz a visão em sua obra Deus confia nos pais (EME, 2017) de que todos nós somos seres interexistentes, ou seja, a alma que habita em nós já viveu antes e continuará viva após a morte do corpo físico. Ela explica que a cada reencarnação mudamos a aparência, mas a nossa essência permanece a mesma. “Assim sendo, cada filho é alguém que retorna ao cenário terrestre para aprimorar-se intelectual e moralmente, trazendo na sua bagagem experiências de outras vidas, podendo ter vivido em condições muito adversas das atuais” – pontua a autora.

O porquê das diferenças

Dessa forma, ela esclarece, “é natural que os filhos sejam diferentes entre si. Espíritos que são, carregam as virtudes já conquistas, mas também as fraquezas, suas boas e más inclinações, suas conquistas e fracassos, cabendo aos pais o grande papel de educadores”.

Para ilustrar, a autora faz uma relação entre cada perfil de personalidade dos filhos com a parábola do semeador, narrada por Jesus: “Cada um de nós traz em si um tipo de solo, capaz de fazer brotar ou não as boas sementes que recebem”:

Campos da semeadura

Há espíritos que, apesar de todo empenho dos pais em lhes falar sobre as virtudes da vida, são como sementes caídas à margem do caminho. São indiferentes aos exemplos que recebem. Imaturos.

Outros, como as sementes que caíram entre as pedras, podem até ter aparente interesse pelos bons exemplos que recebem, mas qual solo impermeável e sem profundidade, oferecem poucas condições para que germinem. Desistem com facilidade.

Tem aqueles que não são terrenos áridos, pois que neles nasceram e cresceram, junto com a boa semente, os espinheiros. São espíritos portadores de condições propícias para se transformarem em homens de bem, mas que, a exemplo das sementes que foram abafadas pelos espinheiros, são sufocados pelos atrativos da vida material.

E, para a felicidade dos pais, há os filhos ‘terra boa’, aqueles que acolhem de boa vontade as sementes lançadas em seus corações, fazendo-as germinar, crescer e frutificar largamente, conforme seus talentos.

Os grandes educadores

Ainda no campo da analogia, Lucia Moysés lembra que os pais que não tiveram a ventura de ter os filhos semelhantes à terra produtiva serão mais felizes se souberem revolver e adubar o solo, regar e proteger as sementes que forem entregues em suas mãos. Ela reforça que alguns terão dificuldades na tarefa de renovação de sentimentos de seus filhos e precisarão o quanto antes lançar mão de ações corretivas: arrancar o mal pela raiz, substituir a terra seca pela fértil, retirar pedras existentes para, assim, colaborar com a sua caminhada evolutiva.

“Mais tarde, quanto a colheita se fizer farta e generosa, esses mesmos pais verão que valeu a pena os esforços”, conclui a educadora.

Por Izabel Vitusso


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