Vivenciar um dia mais produtivo (#044)

Por Fabiana Vitorino

Olá, como vai você? Espero que bem, espero que energizando, para começar essa semana com muita alegria, com muita abertura, com muita disposição.

Eu, do lado de cá, cada vez mais feliz, toda vez que eu tenho esse tempo que eu tiro pra conversar com você, compartilhando reflexões, possibilitando ações e gerando permissões, para que você possa viver a sua vida com mais leveza, com mais conexão, com mais propósito, independentemente se você está olhando para sua área profissional, para sua área pessoal, para os seus relacionamentos, porque nós somos humanos, temos tudo isso fazendo parte de nós e é muito bom quando você para um pouquinho, aprende com você, se desenvolve e leva uma vida muito mais leve.

Esse é meu desejo pra você e hoje eu decidi falar a partir do que eu sei, do que eu trabalho como psicóloga. Para quem já me acompanha sabe um pouquinho do meu processo de trabalho, sou psicóloga, consultora de carreira, palestrante, mas sou pessoa, humana, filha, irmã, esposa, agora mãe. Então tudo isso que me compõe, me gera possibilidades de oferecer um pouco de mim, da minha história, do meu trabalho, para auxiliar você a olhar pra algum tema importante.

Hoje eu selecionei um tema ligado aos nossos papéis na vida: como será que a gente tem conseguido ou será que nós temos conseguido conciliar os vários papéis com o tempo que nos é colocado a cada dia, as 24 horas? Deixei essa pergunta aqui pra começar esse bate-papo.

Será que estamos cuidando verdadeiramente do nosso tempo? E quando eu falo tempo, estou dizendo tanto do tempo do relógio, cronológico, 24 hora todos os dias, como também desse tempo interno, psicológico, onde as emoções é que nos tomam, onde às vezes uma hora parece dias e horas, e ambos são tempos importantes.

Será que estamos vivendo a vida que desejamos, quando definimos o que é ou não será prioridade no nosso dia a dia? Afinal de contas, às vezes você tem desejos, sonhos, metas, projetos, mas de alguma maneira aquilo não acontece, não se desenvolve, não realiza. E aí isso não te coloca em contato com a vida que você tanto tem o desejo de viver.

É possível aprender como organizar melhor o tempo? Será que existem caminhos, ferramentas, estratégias que podem ajudar cada um de nós a viver melhor no nosso dia a dia? E como alinhar os vários papéis com o tempo que temos. Afinal de contas, assim como eu, imagino que você que está aí me ouvindo também tem vários papéis: você pode ser homem, mulher, você pode ser jovem, pode ser uma pessoa mais vivida, você pode ser alguém que está conectado mais ou menos com o trabalho, mais ou menos com o seu relacionamento.

O fato é que hoje nós temos múltiplos papéis. Por exemplo, vou olhar um pouquinho pra minha história, porque ajuda você a também se conectar com a sua: hoje eu sou mãe, sou filha dos meus pais, sou irmã dos meus irmãos, sou esposa do meu marido, sou amiga dos meus amigos, sou terapeuta dos meus clientes, sou consultora de carreira de muitos outros clientes também. E isso para falar por alto, as primeiras coisas que me vêm.

Então como conciliar tudo isso nas 24 horas, nos sete dias da semana, geralmente nos trinta dias do mês, nos doze meses do ano e ao longo de anos? Respira. Vamos respirar então, para que a gente possa se conectar a esse tema.

Ele foi pedido por uma pessoa que me acompanha aqui. Eu achei muito bacana na época, porque eu acredito que conciliar esse tempo interno, do coração, dos desejos, das necessidades com os papéis reais da vida e com as horas de fato que nós temos, é o desafio de todos nós e cada vez mais, porque o tempo urge, a internet, as redes sociais, tudo isso acelerou ainda mais o nosso tempo, então o desafio fica muito maior para que cada um de nós consiga viver um tempo de qualidade. Esse é o talvez o maior objetivo, quando cada um pensa no próprio tempo e em como está conseguindo usar ou não as horas que tem ao final do dia. Ficar com a sensação de "poxa, que dia gostoso, vivi tudo o que eu precisava, o que eu queria, produzi o que eu precisava", ou "nossa, estou cansada, estou estafado, não fiz nem metade ou então gastei horas mexendo em internet, fazendo coisas que não tinham nada a ver com o que eu queria…", e aí vem uma frustração muito grande.

Vou contar para vocês que, geralmente quando eu trabalho esse assunto, como psicóloga, tem uma ferramenta que me ajuda muito com os meus clientes e que também já fiz várias vezes comigo, que é você primeiro fazer como se fosse um levantamento geral do uso do seu tempo. A gente pode fazer isso em gráfico, como se fosse um gráfico de pizza (que é aquela bolinha que você vai cortando as porcentagens), você pode pegar a sua semana e montar lá de segunda a domingo, manhã, tarde e noite, e começar a clarear, a escrever: "O que que eu faço na segunda de manhã? Quais as atividades que eu tenho na terça à tarde?" E ali você vai descrevendo literalmente tudo que você faz, que é fixo, porque todos nós temos isso também, tarefas fixas e tarefas variáveis, coisas que vão surgindo ao longo das nossas semanas e tudo mais.

O que eu percebo de forma geral? Que as pessoas às vezes colocam nesse papel ou nesse exercício algo que é muito mais ligado ao trabalho, às tarefas domésticas, mas muitas vezes elas se esquecem de colocar também aquele horário que ou elas já dispõem ou poderiam dispor para um lazer, para um descanso, aquele horário que teoricamente poderia ficar livre pra ela escolher o que que ela quer fazer com a hora que está disponível. E isso pra mim já é um sinal: será que essa pessoa só trabalha, só se preocupa com as tarefas, com as obrigações? Que hora que ela tira pra ela, para um descanso físico, mental, emocional, para um descanso com outras pessoas, para um momento de diversão, de humor, de energização para ela na semana. Então isso já é um fato.

Às vezes eu ouço a seguinte frase: "Mas eu não consigo tirar esse tempo, porque tenho tantas coisas pra fazer, são múltiplos papéis, porque eu trabalho na minha casa, trabalho fora, tenho marido, tenho filhos, estou fazendo faculdade, tenho que cumprir não sei quanto de carga lá no meu trabalho, é tanta coisa, é curso, é estudo e também tem as redes sociais, e tem a internet…". É muita coisa. Então respira de novo, e o primeiro passo é você ter clareza de como você está usando o seu tempo. O que você está efetivamente fazendo nas 24 horas que é dado a cada um de nós?

Isso pode parecer um pouco de – eu até brinco às vezes com os clientes – balela, parece um pouco de discurso pronto, generalizado, mas é fato, todos nós temos o mesmo tempo todos os dias. O que será que diferencia quem consegue vivenciar um dia mais produtivo, mais conectado e mais alinhado e aquele que só passa o dia arrastado, cansado, sem fazer nem metade do que precisaria? Duas coisas: autoconsciência, o que eu preciso fazer ao longo desse dia, o que que é importante, o que que é prioridade, e também um propósito, um senso muito forte de propósito, de conexão, de saber realmente como eu quero vivenciar o meu dia.

Porque se a gente for dar um passo para trás, acho que às vezes tem uma crença muito forte nas pessoas, no fundo no fundo, delas não se sentirem merecedoras ou não sentirem que têm o poder de decidir sobre a própria vida, sobre o próprio uso do tempo, como se fossem só sendo arrastada, acordam e vão vivendo o dia e vão deixando as demandas chegarem, aí vêm os telefonemas, vêm os e-mails, vêm as chamadas urgentes, e se deixam envolver por essa emergência muitas vezes externa, e esquecem que o dia é delas, que elas podem priorizar. Inclusive que ajuda muito quando no dia anterior você já tem clareza e consciência do que precisa fazer no próximo dia. O que é importante? Que hora que você vai fazer cada coisa? Como você quer começar seu dia?

Então aí vão algumas dicas, que eu venho aprendendo nos meus estudos, nas minhas práticas e que eu acredito que vai fazer sentido compartilhar aqui. Eu fui aprendendo que, na primeira hora do seu dia, nos primeiros momentos, ali na manhã, é onde você vai conectar com o que é mais importante. Comece com o que é importante, comece tirando um tempo pra você, seja fazer uma atividade física, uma oração, uma meditação, uma leitura edificante, algo que você gosta, ouvir alguém que você gosta na internet que te deixa preparado para viver seu dia. Por quê? Tudo isso gera uma energia, uma disposição, uma conexão, aí você não é tomado como se fosse um trator passando por cima, que vai te arrastando ao longo das 24 horas.

Você para e respira, você para e toma consciência, você para e decide. Isso ajuda muito e, mesmo assim, é importante que você, se for possível, comece a criar o hábito de um dia antes programar, mesmo que seja não exatamente tudo, o que é mais importante para o próximo dia, qual área da vida que você vai precisar cuidar mais no próximo dia. Isso pode estar ligado ao seu trabalho, à sua vida pessoal ou a você mesmo.

O fato é: você precisa primeiro ter clareza e consciência, fazer algo de manhã que te ajude a se conectar e saber muito bem falar sim e falar não, porque muitas vezes a gente se deixa tomar por muitas coisas que chegam e a gente não consegue falar não. Não coloca limite e, no final do dia, você não fez nada do que era importante pra você, mas tudo que era importante para os demais.

Isso pega muito nos nossos papéis sociais, geralmente os papéis ligados à família ou os papéis ligados ao trabalho, e não é que a gente vai sair falando só não para todo mundo e eu vou priorizar agora só o meu tempo, as minhas necessidades, mas é preciso começar a fazer esse exercício de olhar o que que é meu, o que que é do outro, o que eu posso fazer agora, o que eu posso incluir do outro na minha vida, na minha rotina e o que que eu não posso, porque eu não tenho esse tempo, eu não tenho essa disponibilidade. Então isso também é importante.

E a gente ter prioridades também, metas pequenas, médias e grandes. Por exemplo: eu saber o que é importante para eu finalizar no dia de hoje, também saber o que é importante eu finalizar ao longo dessa semana, ao longo desse mês ou ao longo desse ano.

Uma outra aprendizagem que eu tive ao longo da vida, e que acredito também que é importante para você pensar: essa história de quando a gente encontra um amigo, quando a gente quer fazer algo, fala assim "ah, eu quero fazer isso um dia, nossa fulano, vamos tomar um café qualquer dia desses, ai, eu estou tanto querendo visitar a minha avó", e aí vai passando e aquilo não acontece, passa-se anos às vezes. Quantas vezes eu escutei isso de cliente ou passei por isso. O que eu aprendi ouvindo uma pessoa que eu gosto de seguir e que me ensina muito: “Tudo aquilo que não está na agenda não é real, não vai acontecer".

Então se eu quero muito fazer algo, por exemplo, uma viagem, visitar um amigo, visitar um parente, tomar um café com alguém importante, tirar um tempo para mim, de manhã, para ouvir uma música, eu preciso colocar isso na minha agenda, isso precisa entrar como prioridade nos meus horários do dia, senão nunca vai acontecer de fato. Isso é concretude, isso é trazer concretude para as minhas ações e para aquilo que eu planejo. Encontrei uma pessoa, quero me encontrar com ela de novo, ou então conversei com ela pelo telefone e quero ter um encontro presencial, marca. Mesmo que isso mude, pois a flexibilidade vai precisar acontecer, não precisar ser rígido, marcou nunca mais vai poder mudar, mas você vai priorizando datas, horários, compromissos. Isso também é muito importante, então que você possa pensar também nisso, cada vez que você tiver vontade de fazer alguma coisa.

Outro ponto muito importante, que tem a ver com a questão da prioridade, com o que você prioriza ou não, é de verdade você ser honesto com você e considerar quais as áreas da vida que você está precisando cuidar, quais coisas que você realmente quer. Porque às vezes a gente mantém hábitos e comportamentos que tomam o nosso tempo, sendo que aquilo não tem mais nada a ver com a gente, passou a vontade com aquilo, passou a necessidade e você continua fazendo. E pode ser qualquer coisa: pode ser parar para ler algo na internet, pode ser a leitura de algum livro, pode ser estar com pessoas que já não fazem sentido, pode ser algo no seu trabalho que você precisa mudar, que você precisa reinventar. Então você precisa rever as suas prioridades, o quanto você tem dado atenção àquilo que de fato é importante para você, e quanto você tem simplesmente vivido o fluxo das coisas.

Em todas essas questões que eu estou levantando, você pode olhar pra cada uma delas, você pode escolher uma dessas coisas que eu estou sugerindo e começar a colocar em prática, porque para cada pessoa serve algo. Pode ser que nada disso sirva pra você, mas já te ajude a começar a pensar em como você está usando o seu tempo.

E tem um ponto muito importante, que é um convite final que eu quero deixar pra você: assim como várias outras coisas do nosso processo de autoconhecimento e de transformação como pessoa, nem sempre a gente consegue fazer esse movimento sozinhos. Já começa a ser o movimento de você com você a partir do que eu estou falando agora, mas tem coisa que a gente precisa de ajuda, e isso não é sinal de fraqueza, pelo contrário, é sinal de reconhecer que tem passos que eu preciso dar que o outro consegue colaborar mais comigo do que eu sozinho tentando. Isso pode ser por meio de uma terapia, por meio de uma consultoria, onde eu aprendo a desenvolver melhor o meu tempo. 

Espero que você – apesar desse episódio ter bem grandão hoje – possa se conectar com esse assunto, possa se beneficiar de alguma forma. Sempre lembrando que você pode bater aquele papo comigo depois do episódio.

Que você tenha uma excelente semana e eu deixo uma pergunta pra você: “Como você quer viver o seu dia de hoje, o que que é prioridade agora na sua vida?”

Um grande abraço! Tchau, tchau.


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