E quando a inspiração não vem?

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Eu sou daquelas que do nada recebe uma ‘enxurrada’ de ideias ou pequenos insights e corro para salvar num bloco de notas, ou gravar um áudio para mim mesma, para não perder o fio da meada e poder desenvolver mais tarde aquilo que me tomou no meio do dia.

Outras vezes me pego numa corrente de pensamentos profundos e, ao me sentar, começo a escrever tudo que está ali, transbordando dentro de mim e, quando me dou conta, um texto nasceu, e floresceu algo que eu queria dizer (sem saber que queria).

Por sempre viver esses momentos ao longo da vida (mais precisamente da adolescência para cá), eu achava que para poder escrever eu precisaria sempre estar inspirada e pronta para fazer algo fluir de dentro de mim.

E por isso, naqueles dias em que simplesmente a coisa não rolava, eu me desanimava e me desconectava do processo de escrever, afinal a maré “não estava para peixe naquele momento”.

Mas, o fato é que eu queria escrever e muitas vezes precisava (no meu trabalho eu escolhi ser a produtora de todo o conteúdo que eu ofereço, desde uma dica até uma profunda reflexão sobre a vida) e, se eu fosse depender única e exclusivamente da intuição, estaria presa a algo que definitivamente não controlo.

Fiquei pensando em quantas vezes acabamos nos distanciando de nossos projetos porque não encontramos a palavra ou a energia necessária para fazer acontecer, e a vida ali fora acontecendo sem pedir pausa, os boletos chegando, a semana passando e a intuição oscilando.

Fui me dando conta, ao observar e conhecer outras pessoas, de que esse processo é assim mesmo, de que o mais importante não é a intuição ou o insight, mas a persistência, o quanto de energia e de dedicação você coloca naquilo que deseja ou precisa fazer. De que o fluxo vem à medida que nos comprometemos com aquilo que somos e queremos entregar para o mundo. De que disciplina tem menos a ver com rigidez e mais com se ter a clareza do quanto aquilo importa para você, de poder se entregar de corpo e alma mesmo que nem sempre todos os ingredientes estejam ali para se montar o seu prato preferido, sabe?

O negócio mesmo é abrir a geladeira, ver o que tem dentro, se for possível comprar novos ingredientes, mas o melhor é poder improvisar, usar o que se tem, inventar novos sabores e texturas, e quiçá, ao final, descobrir um jeito novo de cozinhar, mesmo que no início a vontade seja só pedir um fast food, por ser a opção mais rápida e fácil.

Comecei a entender que criação tem a ver com intuição, sim, além do uso diário dos meus talentos, mas sem deixar para trás várias pitadas de organização, improvisação e principalmente persistência. Colocar prazos e objetivos acabou me ajudando a fazer os meus projetos decolarem, em vez de tornarem-se voos cancelados de última hora.

Da próxima vez que você sentir que algo em sua vida está estagnado por falta de inspiração, coloque a mão na massa mesmo assim, mesmo que seja para falar sobre como a falta de inspiração te prega peças e o que você precisa fazer para sair daí. É o que estou fazendo agora.

E você, o que irá fazer?

Fabiana Vitorino

Psicóloga, consteladora familiar sistêmica, consultora e mentora de carreira.


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