Desistir ou renovar a esperança?
Por Fabiana Vitorino*
Dezembro passou e, com ele, aquele sentimento de retrospectiva.
Me pego pensando que muitos planos para 2021 não saíram conforme eu havia sonhado.
Haja aceitação! Respiro para não adoecer, aborrecer e me entristecer.
Não é que eu ou você não possamos, em certa medida, nos deixar abalar, quando as coisas não saem como o esperado. E, diga-se de passagem, 2020 e 2021 estão sendo anos especialmente dedicados a essa arte de nos fazer sucumbir ou resistir. Desistir ou renovar a esperança. De nos tornar mais resilientes ou mais descrentes.
Mas a vida continua. Eu, você e cada um que permanecemos nela, mesmo com planos desfeitos, dores sentidas e perdas sem fim...
Podemos sim em algum momento olhar para trás e celebrar, ser feliz de novo, abrir mão do velho conhecido e dizer ‘oi’ ou até mesmo ‘muito prazer’ para esse novo que se apresenta.
Eu tenho me perguntado: Por que ficamos?
Tivemos Covid aqui em casa. Eu, mais suave. O marido, de forma mais grave.
Mas, apesar de todo medo, toda agonia, incertezas e batalhas diárias, resistimos.
Pudemos ficar...
Aprendi, depois disso, a zerar a expectativa e, assim, a cada fato novo que surge no dia:
bom, maravilhoso, banal ou horrível, sinto que tudo passou a ganhar brilho novo.
Recebo o dia com um SIM.
Me abro e permito, sem uma referência prévia de como deve ser, embora nem sempre tudo seja fácil. Mas, quando solto o peso do ‘tem que acontecer assim’, a vida flui de forma mais leve.
E sigo vivendo, sem uma resposta pronta. Mas creio que ela exista.
E eu me dou o direito de poder escolher novos sentidos todos os dias, fazendo valer o ‘ficar’.
E você, o que vai fazer com a vida que ainda está aí?
*Psicóloga, consteladora familiar sistêmica, consultora e mentora de carreira.