Paz, uma construção coletiva

Pensando sobre a palavra conexão, o que me vem à mente é o ato de ligar-se, unir-se, e a primeira conexão que fazemos na vida, antes mesmo de nascermos, se dá com nossas mães, que nos trazem ao mundo. Já a segunda seria quando temos cortado o nosso cordão umbilical, quando passamos a nos conectar primeiramente conosco mesmos, para depois nos abrirmos às conectividades da vida.

Conectar-se faz parte das relações humanas. O homem é um ser gregário e não está no mundo para viver só. Somos quem somos através das vivências que vamos tendo ao longo da vida com as demais pessoas que estão à nossa volta.

A escolha de como faremos nossas conexões enquanto estivermos por aqui é somente nossa. A teia da vida nos oferece mil maneiras de nos interligarmos e as escolhas que fazemos delineiam quem somos e a qualidade de nossas conexões.

Para ser um agente da paz

Lembro-me do dia em que um dos meus filhos foi escolhido dentre os coleguinhas da escola para ser um agente da paz. Chegando em casa, ele me contou todo contente e eu perguntei: Filho, mas o que é um agente da paz?

Ele disse:

“Mamãe, um agente da paz é aquele que conversa com todos e deixa todo mundo falar, todos escutam, sem brigar.”

Achei essa definição infantil muito interessante, e penso que ela cabe bem no momento que estamos vivendo. Saber se conter e cultuar a paz dentro de nós mesmos faz com que não venhamos a romper laços importantes de nossas conexões.

Atualmente, estamos todos muito sensibilizados por assuntos políticos, guerras, fake news, que se espalham em segundos, deixando-nos mais propensos a reações, ao revidar, esquecendo-nos de respirar e, antes de reagir, cultuar a paz dentro de nós. Podemos escolher nossas batalhas e, se estivermos em paz, poderemos realizar sempre mais, considerando também o outro, construindo um ambiente muito melhor para vivermos.

A conexão ideal com o bem

Essa paz que vamos conquistando internamente nos leva à harmonia e, ao estarmos conectados com os outros, vamos ampliando essa rede de conexões harmônicas, que vai se ampliando, fazendo com que nos tornemos agentes da paz sem o perceber!

Tanto é real que o bem, o amor, a paz são conectadas com as leis naturais que regem as nossas vidas, que segundo a própria neurociência, quando realizamos conexões profundas, conosco mesmos, com nossa religiosidade, com a natureza, com as diversas manifestações da arte, por exemplo, determinadas áreas de nosso cérebro tornam-se mais “iluminadas”.

O amor está dentro de nós e a tendência natural é que ele cresça cada vez mais. Somos seres espirituais habitando corpos físicos, havendo, assim, uma conexão profunda de nossas almas com todo o cosmos, pois que tudo no universo está interconectado.

A cultura de paz diz respeito a uma visão de mundo que privilegia o diálogo e a mediação para resolver conflitos, abandonando atitudes e ações violentas e respeitando a diversidade dos modos de pensar e agir.

Quando carregarmos dentro de nós a ideia de que cada um é em potencial um agente da paz, através do estado de consciência, feito de serenidade e harmonia, estamos dando a nossa contribuição para que uma só rede nos conecte a todos, no verdadeiro sentimento de fraternidade, contribuindo para a grande criação de um mundo melhor.

Veridiana Mantovani

Psicanalista


Correio.news