O final dos ciclos (#061)

Por Fabiana Vitorino

Como é para você, quando percebe que algo na sua vida precisa acabar? Precisa ser encerrado? Que o ciclo chegou ao fim. Quais são os sinais para que você reconheça que algo precisa ser finalizado? E quando você reconhece, como você lida de fato com isso? Quero compartilhar um pouco de história.

Eu percebi que eu estava cansada do ritmo de trabalho frenético, mas eu só percebi quando eu realmente pude parar. Para quem me conhece, me acompanha sabe que eu tive uma filha. E, ao voltar a trabalhar, deu um tempo pra mim, para fazer aquilo que eu gostava tanto, que era ajudar as pessoas, atender etc. Eu comecei novamente num ritmo de muitas coisas, lives, podcast, produzindo conteúdo no Instagram, escrevendo, fazendo vídeo, atendendo e, apesar de estar gostando de fazer tudo aquilo, eu também estava trabalhando muito.

E diferente da vida que eu tinha antes, que era poder trabalhar o quanto fosse, mas depois eu também poderia decidir descansar o quanto eu precisasse, hoje a minha realidade é completamente diferente. Sendo mãe de uma criança pequena, não necessariamente na hora que eu preciso parar e descansar é a hora que eu posso fazer isso, e eu fui percebendo os sinais no corpo: sensações de cansaço, de dor, de precisar realmente dar uma recuada. E que está tudo certo, de tempos em tempos a gente precisa parar, tirar férias, descansar. E eu realmente precisei parar, precisei tirar uns dias e o mês acabou passando, e foi importante até para eu parar pra refletir e perceber como eu estava cuidando de mim e da minha vida.

Então se você está aqui comigo agora e ainda não me conhece, eu sou Fabiana Vitorino, sou psicóloga, consultora de carreira, mãe da Bianca, uma pessoa em constante transformação, e que veio aqui agora te contar essa história da importância de você perceber o final dos ciclos da sua vida, seja um ciclo pessoal, de relacionamento, seja um ciclo de algum projeto que você leva, de algum hobby, seja um ciclo profissional, de emprego, de cargo, ou às vezes até mesmo um ciclo de algo que você fez com você mesmo, algo que você estava cuidando, uma atividade física. Enfim, é perceber os sinais de algo que deixou de ser.

Mas o que acontece? O que eu percebi nesse movimento e também da minha retomada pós-mãe, como profissional, é que tão importante quanto saber a hora de se movimentar, a hora de colocar energia na vida, é também saber a hora de pausar. E eu tive a oportunidade de parar pra perceber também o impacto e a importância de você olhar para as estações do ano, para a energia que cada estação tem, para a energia que é disponível e para o que você pode fazer pra aproveitar esse movimento da natureza, para colaborar com a sua própria vida. Afinal, nós também somos parte dessa natureza, nós somos parte desse planeta, parte desse universo. 

Quando você percebe a grandiosidade, a riqueza que é cada estação do ano, o que que ela propicia, o que que ela pede e como você se movimenta de acordo com o que ela permite, e você quase que virar uma parte da natureza, na verdade você já é, mas de você assumir esse movimento natural dentro de você, e seguir com a sua vida, com os seus projetos, com a sua carreira da mesma maneira, o quanto as coisas fluem de um jeito muito mais significativo, muito mais leve e sem esforço, sem peso. E estou aqui compartilhando com você, para que você também olhe para a sua história.

A estação de outono, os meses que fazem parte do outono, são os meses de descarregar coisas que você já não precisa, de desapegar, de retirar, de limpar, e os meses de inverno, a estação do inverno é justamente a pausa, a quietude, a parada, o voltar-se para dentro, o ficar quieto, não gastar energia, para que você possa de fato pensar sobre as coisas que você quer manter na sua vida, sobre aquilo que realmente faz sentido, para quando chegar a primavera você então possa começar de novo a colocar energia, a fazer a terra brotar a semente que você deixou lá no inverno, ou as sementes que ficaram adormecidas, a natureza que ficou parada de repente começa a voltar, começa a florescer e você tem energia disponível para começar coisas novas ou para finalizar projetos importantes e, de fato, seguir pelo caminho que o seu coração, a sua alma, o seu corpo está pedindo, para que no verão você esteja em pleno vapor, em plena ação, movimento e colhendo resultados significativos. Isso vale para a carreira, isso vale para a sua vida pessoal, para os seus relacionamentos, para o seu cuidado com você mesma. 

Por que eu estou te contando tudo isso? Eu percebi também que é difícil encerrar algo que ainda se ama, porque do mesmo jeito, como eu disse agora, que é importante olhar para o movimento e também para a pausa, mais ainda a sabedoria está em quando você percebe algo que precisa fechar, finalizar, ser encerrado, como eu disse na primeira pergunta desse episódio. E às vezes na nossa vida é difícil, mas é necessário encerrar algo e se ama. Quando você não tem mais apreço, interesse, conexão, quando o amor já foi embora e só resta, sei lá, o cansaço ou a sensação de que aquilo já não cabe mais, talvez seja mais fácil, mas não menos doloroso, porque aquilo também foi importante, tem um histórico que permanece com você, mas às vezes é mais fácil abrir mão daquilo.

Mas quando você ainda ama, tem interesse, tem conexão, mas você precisa fazer escolhas, olhar para as prioridades, para o tempo que você realmente dispõe, para onde o coração realmente está pedindo pra você ficar, pra você permanecer, é um desafio maior, mas é extremamente necessário. É necessária então essa sabedoria interna, muita sabedoria interna, muito respeito por si mesmo e muita clareza e atitude e ação, para você decidir qual é o próximo passo que eu vou precisar dar, para onde eu preciso movimentar agora na minha primavera? Para onde eu preciso seguir pra isso que deixou, que morreu, que finalizou, e que agora eu preciso continuar.

Então eu entendi que esse projeto, esse podcast Conversa com Fabi, que nasceu no primeiro semestre de 2018, em um momento extremamente importante da minha vida, num ano histórico para mim, onde eu decidi ser mãe, e que eu pude compartilhar tantos conteúdos de lá pra cá, esse projeto foi crescendo dentro de mim e fora de mim, assim como a minha filha, porque eu fui me dedicando a assuntos que eu achava que eram relevantes, que eram importantes, que me tocavam e que chegavam até mim através dos meus clientes, através das minhas redes sociais. E quantos movimentos lindos surgiram aqui, quantas trocas eu pude ter, quantas pessoas me deram retorno, feedback de contar o quanto aquela palavra, aquela frase, aquela pergunta transformou o dia, transformou a visão de mundo, fez a pessoa parar para olhar pra si e voltar a se perceber, a se conectar, a movimentar coisas importantes na vida que estavam paradas.

E tudo isso pra mim que sou terapeuta, que acredita no poder do humano, da troca, da relação, da transformação, da cura, tem um valor muito grande. Talvez seja por isso que foi tão difícil perceber a necessidade de encerrar. Mas é isso, eu decidi, enfim, que esse podcast maravilhoso, que ficou parado por um tempo quando a minha filha nasceu, mas que voltou, realmente precisa encerrar por hora, provavelmente, para que eu possa conduzir a energia e o meu tempo disponível e as palavras, para um outro grande e também bonito projeto, que hoje ainda está mais para um sonho antigo, desses que a gente carrega no coração, no peito e que falar sobre ele é um pouco desafiador e gera timidez, porque eu sempre fico com receio do olhar do outro de parecer loucura ou bobo demais para que eu possa vivê-lo.

Mas foi assim, então, que uns dias atrás eu percebi, mas agora eu resolvi compartilhar com vocês primeiro, que nesse momento eu encerro, com esse último episódio, onde você fica com essa reflexão sobre as coisas que precisam deixar, sobre as coisas que precisam ir, para que de verdade você coloque energia no que de fato está brotando na sua primavera. E eu espero do fundo do meu coração que você continue com esse conteúdo.

E de verdade eu acredito que, em outros momentos, em outros projetos, quem sabe até nesse que vai nascer se Deus quiser logo, que essa escrita possa te encontrar em outros lugares e que nós possamos continuar trocando. Eu continuo nas minhas redes sociais e continuo com os meus atendimentos, continuo com a vida, mudando apenas a energia, o foco e a direção. 

E deixando pra você essa reflexão, essa pergunta e essa permissão: que você também possa ter a coragem suficiente para movimentar sonhos antigos, para colocar energia no que realmente faz sentido e para abrir mão de algo que, apesar de ser bom ou de até ter sido maravilhoso, agora já não tem mais tanta, não é tanta importância, porque às vezes tem importância, mas é espaço. E aí, mais do que ficar com uma coisa aberta, solta, sem movimentar de fato, é poder encerrar com a mesma maestria, com a mesma alegria, com o mesmo cuidado que você começou.

Então algo que fez tanto sentido na minha vida durante dois anos, não poderia ser deixado de qualquer jeito, eu precisava vir aqui refletir junto, encerrar junto e convidar para que você continue com muito amor, com muita conexão, com muito propósito, olhando para você, olhando para a sua história e sabendo que eu estou aqui, em outros lugares, nas redes, mas sempre disponível para uma troca bacana.

Um grande abraço. A gente se vê em outros momentos. Beijo grande, boa semana, tchau, tchau.

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