A estima por si mesmo (#042)

Por Fabiana Vitorino

Olá! Como é bom mais uma vez estar aqui compartilhando um pouquinho daquilo que eu sei enquanto psicóloga, do que eu faço no meu dia a dia como profissional, também as minhas experiências de vida como Fabiana, com todas as minhas partes, com os meus eus que eu já compartilhei com vocês, quando eu sempre me apresento com várias coisas. E ultimamente estou gostando dessa ideia de me apresentar como psicóloga e como mãe da Bianca, que tem sido a maior experiência da minha vida, que tem me transformado, me desenvolvido.

De uma forma interessante, muitos processos que pareciam difíceis de resolver de outras maneiras, através da maternidade estou conseguindo me curar. Fica aí algo para a gente conversar no futuro. Mas sobre qual palavrinha dupla, e que eu também acredito que é mágica, eu quero falar com você hoje?

É uma palavrinha muito usada dentro do território da psicologia. É praticamente impossível eu trabalhar com uma pessoa, seja num processo de terapia, num processo de consultoria de carreira, e não falar disso, porque é algo que eu acredito muito e que, para mim, quando a gente olha para essa parte, quando a gente cuida disso, a nossa vida caminha muito melhor. A palavrinha é autoestima. A estima por si mesmo.

Talvez eu já tenha falado sobre ela aqui, não diretamente, mas em algum momento, em algum episódio, e eu começo a pensar sobre a necessidade de repetir as coisas, porque eu acredito que, de tempos em tempos, olhamos de novo para algumas partes em nós e é importante que a gente possa descobrir outras formas de nos cuidar.

A autoestima me ajuda a pensar na estima que você tem por si mesmo, no amor que você desenvolve por si mesmo, no cuidado, na aceitação, na admiração que você consegue ter por si mesmo. Às vezes, no mundo de hoje, o convite é tanto para que você olhe pra fora, para que você goste do outro, goste das coisas, faça pelo outro, mas precisamos lembrar – e isso é até bíblico; não querendo falar de religião, mas trazendo um conceito que é meio universal – de que para que eu possa amar o outro, primeiro eu preciso amar a mim mesmo, eu preciso cuidar de mim, até pra que eu tenha algo para doar.

E como a gente faz pra nos amar? Como é que eu posso estimar a mim mesmo? É um exercício pra vida inteira.

E eu tenho pensado muito na necessidade de você começar isso bem cedo. Claro que cada pai, cada mãe, cada vivência com o filho, com o bebê, de alguma maneira é única e é de acordo com aquilo que os pais acreditam, dão conta, com o que é possível naquele momento. Eu sei que meus pais me deram o melhor e me amaram o tempo todo da melhor forma possível. Eu sinto isso e sou muito grata por tudo que eu sou, por tudo que eu consegui fazer na minha vida, e eu sei que tem muito a ver com o amor que eles me deram, e é o mesmo amor que de alguma forma agora eu estou transformando e passando pra minha filha, para a Bianca.

Mas acaba que por sermos humanos, imperfeitos, nem sempre a gente consegue manter essa estima por si mesmo, e às vezes a gente cai no jogo da comparação, de achar que o outro é melhor, ou então no jogo de cobranças consigo, de achar que sempre a gente podia ter feito de uma outra forma e não do jeito que a gente faz as coisas, e no final das contas pode ser que muitas vezes você passe o dia brigando com você, criticando você, exigindo de você, ao invés de simplesmente olhar com amor e entender que você fez o que era suficiente.

O ponto é: até onde eu estou sendo conivente e não estou me esforçando mais do que eu poderia, e topando as coisas do jeito que vem e não fazendo o melhor que eu posso, e até que ponto eu estou realmente me destruindo em função de uma cobrança exagerada e não me amando o suficiente.

Essa medida, essa dose, cada um é que vai descobrir o tanto que faz sentido, mas eu quero deixar esse convite pra você: Como é que você pode se amar mais? E amar passa por aceitação, passa por cuidado. Então quais são as coisas que você pode fazer no seu dia a dia que representam formas de cuidado com você? Será que é estar com as pessoas que você gosta, fazer algo que você goste sozinho, por exemplo, ler um livro, assistir um filme, receber uma massagem, um carinho de alguém, um abraço, sair para comer uma coisa que eu gosto, ter um tempo livre na minha semana e não ter que fazer nada naquele tempo, simplesmente ficar comigo…

O que representa esse cuidado que você pode ter com você? E também começar a descobrir as coisas que você realmente é bom, faz bem, aquilo que é diferente em você. Por exemplo: eu sei que eu sou bom em algo, eu sei que tal característica em mim é muito forte, é muito bonita. Porque infelizmente tem uma cultura na nossa sociedade de que, se você se valoriza, se você se elogia, você está “se achando”. Já falei disso aqui também, e volta e meia eu vou falar, porque acho que são coisas que nunca se esgotam: o cuidado que você precisa ter com você mesmo, o amor que você precisa ter com você mesmo.

De alguma maneira esse autoamor vai sendo construído ao longo da vida. O que eu gosto de contar pra todas as pessoas que chegam até mim é que não importa o que fizeram com você – e essa frase ela não é minha, mas a questão é: – o que importa é o que que você faz com o que fizeram com você.

Se eu recebi muito ou pouco amor, se eu acho que eu recebi mais crítica do que amor, se eu acho que a minha bateria de amor interno foi mais carregada com coisas negativas do que positivas, que eu não me torne uma vítima dessa circunstância, mas que eu entenda que eu posso fazer diferente a partir de agora, que eu posso aprender o caminho do autoamor, que eu posso aprender a receber das pessoas aquilo que é melhor.

A autoestima vai interferindo em todos os campos da vida, talvez na área profissional eu vou estar sempre me julgando menor e vou achar que o que eu tenho pra oferecer não é tão bom, e talvez vou passar a ter dificuldades de cobrar o meu preço justo ou arrumar um trabalho que seja bacana, porque eu acho que eu não sou merecedora. 

A autoestima no campo da relação afetiva interfere na maneira como eu vou me encontrar com as outras pessoas, o quanto de amor eu vou saber que eu mereço, quanto eu vou saber pedir aquilo que eu preciso, o quanto eu vou topar qualquer migalha, qualquer “tantinho” que o outro top me dá, e às vezes os relacionamentos são um pouco empobrecidos, eu faço coisas que eu não gostaria, com quem eu não gostaria, porque eu fico na necessidade de ser amado.

Na área social, com amigos, com relacionamentos de amizade, eu também fico numa mendicância, fico mendigando amor, não conseguindo exatamente receber aquilo que eu preciso dos meus amigos. A grande questão é: você precisa ver o tamanho que você é, nem maior, nem menor que ninguém, do tamanho que é, do tamanho bonito que é, para saber pedir aquilo que você merece. Fica aí essa dica.

E que cada um de nós aqui possa entregar palavras de amor, palavras de autocuidado, palavras de merecimento, ao invés de ficar dando críticas, julgamentos e pontapés. Certo? Combinado?

Um grande abraço para todos vocês. Espero que vocês curtam esse conteúdo, compartilhem com quem você acredita que possa se beneficiar. Conversem comigo sobre o que foi movimentando aí e a gente se vê na próxima semana. Tchau, tchau!

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