A conexão com a vida

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Falarmos em conexão nos dias de hoje parece bem paradoxal, já que andamos meio esquecidos dos verdadeiros valores que nos sustentam.

Conectar-se mais à vida pode ter vários aspectos e formas diferentes. E é sobre isso que vamos conversar um pouco.

O importante é lembrar de procurarmos dentro de nós quais as ferramentas ou situações que fazem com que nos sintamos mais felizes e interessados em viver. E saber que há caminhos e muitas possibilidades de melhorarmos nossas vidas já é um alívio. No entanto, é preciso perceber que nada se faz sozinho.

Para nosso próprio bem-estar, devemos nos permitir respirar fundo e nos abrir, inicialmente, a pequenas mudanças, pois as grandes caminhadas são sempre o resultado da união de vários passos. Passos, muitas vezes, por estradas diferentes, que nos abrem um mar de possibilidades.

É preciso perceber-se no aqui e agora, inspirando e expirando conscientemente várias vezes ao dia, com atenção à velocidade, ao movimento da respiração.

Também, procurar observar melhor a natureza, admirando sua harmonia e perfeição, traz um bem-estar diferente, criando um hábito saudável de pertencimento, do que está ao nosso redor, inseridos que estamos como instrumentos na grande orquestra universal. Neste momento, nada de fotos para as redes sociais. A experiência é de observar a natureza, preservar-se, inserir-se. E que seja esse um momento só seu, uma conexão particular.

Outra forma de nos conectarmos à vida é procurarmos nos encontrar ou reencontrar com aqueles amigos que faz tempo que não vemos. Encontros presenciais, não só virtualmente, para um bate- papo, olho no olho, farão com que nos sintamos melhores, mais leves e queridos, já que nada substitui o afeto de uma conversa amigável. Afinal, encontrar um amigo é muito importante, porque quando estamos com pessoas que nos querem bem, sentimos o prazer do refazimento, da existência de novos desenhos de viver.

São passos simples que todos podemos trilhar, mas que habitualmente acabamos por esquecer quando a rotina até entorpece a alma.

Outro passo imprescindível é nos reconectarmos conosco mesmos, repensarmos nossos atos, nosso jeito de ser, tudo que já fizemos e tudo que ainda podemos fazer, corrigir, retomar, investir.

Sempre haverá muita conexão com a vida quando estivermos voltados a observar o nosso próprio eu. Lá no fundo de nós mesmos, no nosso self, há algo que sempre pulsa de várias formas, como desejos, repulsas ou defesas e, quanto mais nos permitirmos entrar em contato com esse desafiador mundo interior, mais proximamente nos conheceremos, obtendo como consequência a sensação de apaziguamento, uma felicidade ligada mais ao nosso íntimo.

Outro passo importante é a procura de uma ligação a algo maior, algo que faça essa conexão com o divino que habita todos nós, o nosso lado da espiritualidade.

Não há, por exemplo, uma religião certa e sim aquela que faz com que você se sinta bem. Muitas vezes, vale procurar um lugar onde possa aquietar-se e fazer uma prece. Agradecer e acreditar que há mais vida além da nossa vida nos dá esperança e nos possibilita estar bem mais perto da felicidade.

A vida está aí e se apresenta inteira todos os dias, enquanto estivermos habitando essa esfera. Muitas vezes ela não é fácil, mas podemos educar nosso olhar, procurando sair de algumas zonas de conforto, de padrões de relacionamento que só nos prendem e, enfim, caminhar com sapatos novos.

Cuidar-se é a melhor receita de sua saúde. Vá ao médico, faça exames de prevenção. Se for o caso, procure apoio psicológico. Tudo isso lhe trará bem-estar, tranquilidade.

Procurar ajuda é um bem que se faz a si mesmo e aos outros. Afinal, quando estamos bem, temos mais chances de ajudar o próximo.

Viver é desafiador. Mas saber que temos todas as forças necessárias para vencer os obstáculos que nos serão apresentados, com algumas mudanças, já é um caminho.

Se algo não vai bem na vida, reconecte-se, procure em passos pequenos outros caminhos. As grandes mudanças vêm nos pequenos passos. Mude seu olhar. Troque seus sapatos.

Viver é um mundo de possibilidades, mas cabe a nós fazermos os ajustes, procurar aquela sintonia fina.

Acredite, é possível!

Veridiana Rizzini

Psicoterapeuta psicanalítica


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